Escritora cristã, a carioca Lycia Barros iniciou a carreira com um prémio literário. Com mais de 11 obras lançadas, escolheu Braga como refúgio e conta sobre os seus trabalhos e futuro em terras lusitanas.
Como iniciou a carreira?
Escrevi o meu primeiro livro para mim mesma. Entretanto alguns familiares e amigos pediram para ler a gostaram muito, incentivando-me a enviá-lo a algumas editoras. Para minha grande surpresa, logo uma delas se mostrou interessada em publicar a minha obra. Este foi o começo de tudo.
“A Bandeja” foi o seu primeiro livro. Como preparou o seu trabalho para receber tamanha atenção e consequentemente um prémio?
Jamais imaginei, quando estava escrevendo, que o meu livro um dia viria a receber algum prémio. Esta não foi a minha motivação ao escrevê-lo, mas de fato foi uma surpresa muito bem-vinda. A atenção que veio depois disso ao meu trabalho foi de mesmo modo inusitado e prazeroso.
Onde buscou a inspiração para o livro? Como foi o processo de criação?
Sempre gostei de romances, mas sentia que faltava ficção, neste sentido, para o público cristão. Foi para preencher esta lacuna que resolvi montar a minha história. Os conceitos dos meus romances têm como base as direções que a Palavra de Deus nos dá. Não se trata de um livro de autoajuda, mas de uma ficção onde os personagens vivem dramas e desafios que uma pessoa que se considera cristã costuma viver.
Qual o principal objetivo quando lança uma história?
Trazer a esta geração reflexão sobre valores que foram perdidos, e restauração e aumento da sua fé.
Quais os seus autores favoritos? E obras? Influenciam a sua escrita?
A Bíblia, obviamente. E Francine Rivers, uma autora americana da mesma linha dos meus livros. O meu romance preferido é “Amor de Redenção”.
Porque decidiu sair do país?
Para abrir o leque de oportunidades de estudo e vivências para os meus filhos e melhorar a nossa qualidade de vida como família. Gostamos muito de artes e história, então Portugal pareceu ser o sítio certo para nós.
Está há quanto tempo em Braga? Sente diferença no processo criativo aqui e no Rio? Influencia a sua inspiração?
Chegamos há um ano e meio e, para falar a verdade, a cidade é tão inspiradora que mais vivo histórias maravilhosas do que escrevo. Entretanto, passado o período de novidade e estabilização da família, voltei a pegar mais firme na escrita.
Tem interesse em ministrar cursos de escrita em Portugal?
De momento estou escrevendo, então não me quero envolver em outras atividades. Mas sim, é uma possibilidade a curto prazo.
Que dica dá aos escritores iniciantes que pretendam investir na carreira?
Escrevam para si, sem pensar na reação dos outros num primeiro momento. Escrevemos melhor o que gostamos de ler. E tenha um plano em mente para a sua história, de preferência com início, meio e fim planejados. Sabendo onde quer chegar, as chances de ter sucesso em sua escrita são maiores.
“Nem tão tarde assim 2” é o seu último livro lançado. Pode falar um pouco?
Este livro faz parte da Coleção Despertar, que está relacionada aos mesmos personagens do meu primeiro livro, “A Bandeja”. É uma coleção muito querida para mim e para os meus leitores que me acompanham desde o começo. Este livro especificamente fala sobre o romance entre uma cristã e um judeu, abordando todos os possíveis impasses de uma relação com choques de fé de duas pessoas maravilhosas e que se amam, mas que acreditam em coisas diferentes.
Quais são os seus projetos aqui em Portugal?
Conhecer, conhecer mais, conhecer mais ainda… e depois escrever. O início da minha vida foi um momento sabático para mim. Eu não me queria envolver com nada sobre literatura, queria viver e sentir. Explorar esta nova realidade. Conhecer os seus dissabores, dores, orgulhos e alegrias. Tenho sido feliz nesta busca e creio que os meus próximos livros refletirão o meu crescimento interior. Deus tem sido muito bom comigo nesta terra, espero retribuir ao povo português com os meus dons e talentos.
Tem uma editora que ajuda novos autores e que agora veio para Portugal. Pode falar-nos sobre ela?
Um dos meus maiores prazeres é ajudar novos autores a ganharem confiança para realizar os seus projetos e sonhos. A minha editora visa ajudá-lo neste caminho tortuoso, que hoje tem tantas vertentes a nosso favor. Damos toda a assessoria ao autor, do desenvolvimento da obra até a realização do livro impresso.
Aconselha a emigração para outros brasileiros? Quais foram os pontos principais observados dessa nova experiência?
Depende de inúmeros fatores como: O que deseja fazer aqui? Conhece Portugal? Está familiarizado com a cultura? Está disposto a começar do zero e trabalhar duro? Tem dinheiro para viver aqui durante dois anos? Tem visto? Não sou a favor da vinda ilegal para o país, pois tenho visto muitos conterrâneos chegar aqui com pouca reserva, irregulares, e a passar todo o tipo de privação e sofrimento. Mudanças como esta precisam ser muito bem planejadas. Para aqueles que têm condições financeiras favoráveis, ainda assim eu pergunto: Você está acostumado com o estilo de vida europeu? Vejo muitas pessoas que tem perfil para morar nos Estados Unidos e, por conta da dificuldade do visto, acaba vindo morar em Portugal e depois não se adapta ao estilo do país. Isso sem falar no inverno (eu amo o frio) mas a maioria dos brasileiros não gosta. Enfim, parece que estou sendo um pouco pessimista a respeito, mas vi muita coisa neste último ano e sei bem do que estou falando. O melhor conselho é: pesquise muito, depois decida se quer mesmo vir.
Amei a entrevista. Tanto a abordagem das perguntas, quanto às respostas simples, cheias de afeto. Também escrevo. Entre, hoje, no Grupo. Tive muita sorte, em começar por você, Lycia. Prazer. Estou em fase de tramitação do pedido do Visto D7. Escolhi Braga para morar. Abraço. Paz em Jesus.