Um Olhar Português…* Sobre o novo Brasil que nos chega

As relações entre Portugal e Brasil confundem-se no tempo e na história. Nenhum país como o Brasil é a continuidade em ponto grande, do que o Portugal atual é. E nenhum país como Portugal mantém essa visão nostálgica e mágica sobre o Brasil que lhe chega.

Durante centenas de anos, primeiro como colonos e depois como emigrantes, os portugueses rumaram ao Brasil, na maior parte das vezes para lá ficar, viver e deixar descendência. Sem exagero, mais de metade do ADN brasileiro é português, e isso não apenas no sangue. Nos costumes, nas cidades históricas, no modo suave e cordial de estar em sociedade, o Brasil manteve e ampliou essa portugalidade, dando-lhe tons mais garridos, sonoros e dramáticos.

Muito recentemente, o movimento de emigração de pessoas foi-se tornando recíproco. Foi no final dos anos 80 – com o crescimento associado à entrada de Portugal na União Europeia – que veio a primeira onda de Imigração de brasileiros. Procuravam em Portugal, país com a mesma língua e afabilidade, vidas melhores. E de alguma forma, fugiam dum Brasil de hiperinflação, muito instável, que procurava e conseguiu, anos depois, ter uma moeda estável – o atual Real – muito à custa de sacrifícios da população: a hiperinflação, é o pior imposto para a população e em especial para os pobres – veja-se hoje o drama da Venezuela.

Como no passado, as grandes ondas de emigração portuguesa no Brasil coincidiam com as crises em Portugal, de igual forma esses ciclos se mantêm contemporaneamente. Quando Portugal entrou em crise em 2008, muitos portugueses (e brasileiros) rumaram ao Brasil. Movimento que se tornou inverso a partir de 2014, com a crise de que o Brasil ainda tenta sair. De alguma forma, Brasil e Portugal tornaram-se espaços de circulação irmanados, para onde migram pessoas que falam a mesma língua e têm a mesma cultura base, em especial nos momentos de crise.

Como português que há muito divide o seu tempo entre Brasil e Portugal, pude assistir bem a este último movimento. Os Brasileiros, depois de terem comprado metade do sub-prime do imobiliário da Florida, descobriram Portugal. E rapidamente se tornaram nos principais migrantes e compradores de casas em Lisboa. Naturalmente este movimento alastrou ao Porto, e sem qualquer surpresa minha, chegou forte a Braga por 2016. Braga e o Minho, que historicamente forneceram tanto povoamento ao Brasil, recebem agora de volta pessoas, as tais pessoas de que Portugal tanto necessita para se repovoar e para não desaparecer no longo inverno demográfico que vive.

E é natural que os Brasileiros se sintam em casa no Minho. Braga é uma cidade acolhedora, com boa infra-estrutura e muito barata em termos globais, onde é mais fácil uma família integrar-se do que em cidades como Lisboa e Porto. O caráter expansivo, provocador e acolhedor do Minhoto, bate certamente bem com a alegria e calorosidade dos Brasileiros, que procuram um ambiente mais calmo e tranquilo para fruir da vida, o tal que Braga proporciona.

Esta atual vaga migratória de Brasileiros, muitos deles luso-descendentes, é muito diferente da dos anos 80. São pessoas muito mais qualificadas, muitas delas reformadas/aposentadas, ou que têm rendimentos e procuram uma vida nova e uma nova experiência em Portugal. Como aportam outra qualificação e rendimento, vão acrescentar muito valor a Portugal, desde os investimentos, ao imobiliário, à inovação, às novas tendências: uma nova energia de que um país com novecentos anos carregados de pesada história, bem precisa, para se refrescar, rejuvenescer e encontrar novos rumos.

Portugal tornou-se demasiado “europeu”, focado numa obsessiva organização, e perdeu foco de mercado. Os portugueses ficaram contagiados com a sua visão de longo prazo da história à visão de longuíssimo prazo dos empreendimentos, e perderam foco. Os Brasileiros, trazem esse foco, essa objetividade, urgência, rapidez e visão de curto prazo, tão importante e tão desvalorizada pelos idiotas ideólogos do velho continente. Viver o presente hoje, resolver rápido, decidir na hora, é coisa a que a maioria dos portugueses se desabituou, e coisa que os Brasileiros sabem desde o berço. O contágio e o pragmatismo desta vida de urgência para a felicidade, é um desígnio que só pode melhorar a raça dos portugueses.

Os portugueses estão muito curiosos sobre esta vaga migratória dos brasileiros. Já não são apenas jogadores de futebol, empregados para as obras, hotelaria e, misses de carnaval, sem dinheiro nem instrução. São outras pessoas! Os portugueses vão-as descobrindo, neste gerúndio da nossa língua, tão útil aos movimentos e ações continuadas. Descobrem e acolhem: faz parte da cultura nacional e da minhota em particular, acolher bem quem por bem nos procura.

Algumas instituições em Braga, estão há muito tempo ligadas ao Brasil, e mantém fortes laços com os Brasileiros. O IDEIA ATLANTICO por exemplo, como centro de negócios e incubadora de empresas, tem recebido há muitos anos empreendedores brasileiros que escolhem Braga como porta de entrada em Portugal ou na Europa. São dezenas as empresas de Brasileiros que receberam apoio do IDEIA ATLANTICO para as suas atividades em Portugal. Desde a constituição de empresas ao apoio à gestão, bem como nos processos de legalização e instalação das famílias dos empreendedores.
O IDEIA ATLANTICO tem há muito a liderança no acolhimento de empreendedores empresários brasileiros. O facto de ser a única instituição do norte de Portugal que mantém uma presença ativa em Braga e no Brasil, ajuda a que esta ponte seja feita em permanência.

Mais recentemente, o IDEIA ATLANTICO recebeu o primeiro empreendedor ao abrigo do programa STARTUPVISA que visa acolher empreendedores emigrantes. Esse empreendedor, seguramente um dos primeiros do país, veio do Brasil, e em menos de 3 meses, mudou-se com a família para Braga, desenvolvendo sem sobressaltos o seu novo negócio em Portugal.
As soluções de acolhimento, integração, formação que são proporcionadas no IDEIA ATLÂNTICO visam acolher o melhor possível as melhores ideias, projetos e pessoas que do Brasil procuram Braga para investir, empreender e criar. Desde soluções para desenvolvimento pessoal, até networking, incluindo o apoio contábil e legal, no IDEIA ATLANTICO os brasileiros tiveram, têm e terá, um porto amigo em Braga, para que possam daqui levar as suas ideias a Portugal, à Europa e ao mundo.

Portugal e Brasil têm muitas semelhanças, mas têm uma cultura profissional e organizacional muito diferente, o que leva muitas vezes a erros de análise e de aposta. Não apenas do empreendedor comum, mas das grandes empresas. Portugal é muito mais organizado e formal, segue uma influência germânica na organização e francesa na burocracia, pelo que seguir as regras e os formalismos, bem como planear é fundamental. Mas para quem se prepara, escolhe bons parceiros, faz o dever de casa e se rodeia de boas assessorias, Braga e Portugal acolhem de braços abertos.
Do IDEIA ATLANTICO podem esperar, aqueles que procuram Braga para investir, empreender e se desenvolver, um parceiro global e forte que quer no Brasil, ou já em Portugal, disponibiliza um apoio técnico assente na experiência de 25 anos ao serviço dos empreendedores.

Venham, pois estamos de braços abertos para acolher, quem vier por bem e, quem tenha ideias e meios, para investir e empreender.

Joaquim Rocha da Cunha
Economista
jrochacunha@gmail.com

Jornal Olhar

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