Acabar com o Inverno

ACABAR COM O INVERNO – Portugal vive hoje um problema muito sério. Chama-se Inverno Demográfico. Desde 2008 que a diferença entre nascimentos e óbitos é negativa, morrem mais pessoas do que nascem por ano. Além disto, a emigração continua na casa oficial das 100.000 pessoas / ano. Significa isto que, a nada ser feito, no ceteris paribus dos Economistas, Portugal poderá perder 3 milhões de habitantes neste século.

A dimensão da população é a dimensão do mercado e a sua taxa de crescimento determina o crescimento potencial dum país. Não assegura o crescimento, mas limita o crescimento possível. Ao contrário do senso comum, os países populosos e jovens como Brasil e India não são pobres por causa das elevadas taxas demográficas, muito pelo contrário, as taxas que apresentam, asseguram o potencial de crescimento futuro disso. E, é por isso que a Alemanha precisa de 250.000 novos migrantes/ano para se manter a crescer. Por isso, o Governo Português tem vindo a assumir uma política imigratória favorável. População é mão de obra, mas sobretudo, é mercado, e é dimensão.

Sempre no contra corrente, há muito que defendo a tese de que a solução para acabarmos com esse inverno demográfico, está aí, e chama-se BRASILEIROS. São os brasileiros, que vão acabar com o Inverno Demográfico português. Porque são cada vez mais em Portugal. A família brasileira é por tradição mais numerosa, muito longe do filho único português.  E, ao emigrarem em família, com os seus filhos, podem inverter a tendência do nosso inverno demográfico e talvez fazer a Natalidade, superar novamente a Mortalidade. Oxalá…

Numa Europa envelhecida, e num Portugal que não faz filhos, toda a imigração é necessária.  Sem imigração, Portugal terá pelo ano de 2070, menos 3 milhões de habitantes e ficará empobrecido. Portanto, a imigração, em especial dos países de língua portuguesa, não é uma opinião, não é uma preferência: é uma urgência. Talvez das poucas medidas de longo prazo, estratégicas que o atual Governo português entendeu e abraçou – política à parte, não há dúvida que o Premier Português António Costa entendeu a urgência e a centralidade de abrir a fronteira comunitária em Portugal aos migrantes de língua portuguesa, em consonância com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

O perfil do imigrante brasileiro é heterogéneo, e não tem uma marca definida. Há quem venha para estudar, há quem venha para empreender, há quem venha para beneficiar de uma velhice, por conta dos rendimentos e há sobretudo, quem venha depois dos 30/40/50 anos à procura duma nova vida. E o que se tem passado é deveras curioso. Como uma substancial maioria de portugueses ativos do setor privado emigrou (por necessidade, para ganhar mais dinheiro, e sobretudo, anotem: sem planos de regressar), os brasileiros estão a ocupar e a substituir, e bem, os portugueses que emigraram.

Na restauração, na hotelaria, nas lojas, no UBER, a de mão-de-obra necessária para fazer face ao crescimento do país, veio da imigração brasileira. O crescimento do país tem sido assente no crescimento turístico, e o turismo é um setor mão-de-obra intensivo. O turismo necessita de mão de obra flexível, e que se adapte à sazonalidade, bem como a horários não convencionais. Sem surpresa, Portugal inteiro consegue suportar o crescimento da procura turística com a mão-de-obra brasileira, muita dela irregular ou ilegalmente no país.

Ora, e escrevo isto como português nato, do alto desta especial arrogância de ter nascido na cidade mais antiga de Portugal: deixemo-nos de tretas! Convém ao país deixar de ser hipócrita, pois sem brasileiros e muitos outros migrantes, Portugal não cresceria. Cresce “poucochinho” ou muito, depende do que o leitor preferir, mas sem imigrantes, não cresceria quase nada.

Os portugueses, que se sentem ainda herdeiros dum Império têm que olhar para este tema sem óculos escuros. Sem criticar e criminalizar como injustamente se fez nos Vistos Gold, a melhor medida do anterior governo, em muito destruída pelos media por conta, diria, da IN-VE-JA portuguesa. Sem preconceitos. É preciso perceber que o país não cresce sem imigrantes.

BRASIL EM ESTADO ALERTA – Não apenas pelos desastres naturais e humanos, que assolaram nestes primeiros meses Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas pelo impasse no arranque do novo Governo – cujo Presidente recorde-se, foi operado, e passou as últimas 3 semanas numa cama de hospital.

As minhas previsões, expostas no meu anterior artigo, sobre a retoma brasileira, não estavam erradas. O Real teve, desde 1 de Janeiro, uma fortíssima valorização face ao Euro e face ao Dólar; as previsões de crescimento económico mantêm-se em alta; e, a Bolsa de São Paulo teve desde o início do ano uma valorização muito forte: 11%, em mês e meio!

A nova governação tem crédito. Mas o crédito eleitoral esgota-se, e, seis meses é a tradicional tolerância que o povo dá a um novo governo. O que quer dizer que o Governo tem que no curto prazo de aprovar uma reforma profunda da Previdência, e de reforçar a Segurança Pública. Urge o Presidente pôr ordem no seu Governo, e acabar com o ruído e egos e, o programa económico tem que acelerar.

Estamos a falar apenas e só dum país que tem as infra-estruturas que Portugal tinha pré CEE em 1985 (!), e que devido às diversas “LAVA JATO”, paralisou quase a obra pública. Todos estão atentos, e melhor Governação exige tolerância zero com desastres ambientais como Brumadinho, e intolerância com políticos ineficazes e totalmente despreparados como os do Rio, onde alguns defendem o regresso dum “Distrito Federal”, controlado pelo Presidente.

Ora, os brasileiros têm bem menos paciência que os portugueses – gosto de relembrar que os mesmos que fizeram a diferença para eleger Dilma, elegeram agora Bolsonaro. Por isso, o Governo tem até Julho para mostrar ao que veio, porque investidores brasileiros e de todo o mundo estão com os alertas e fundos ligados. Dinheiro e vontade, não faltam pelo Brasil.

REDE DE NEGÓCIOS – Como todas as iniciativas em que tenho o prazer de estar envolvido, a REDE DE NEGÓCIOS UAI/IDEIA ATLANTICO foi um sucesso, colocando em contatos muitas dezenas de empresários que apesar da chuva e frio se reuniram no IDEIA ATLANTICO. O frente a frente, o contato direto e o networking são sempre as melhores ferramentas de conhecer novos mercados e pensar negócios. Esse estudo permanente do mercado, fica muito facilitado graças à iniciativa promovida pela UAI/IDEIA ATLANTICO. Que se vai repetir novamente este mês. Quem sabe se não sai de lá uma nova descoberta, quiçá do Brasil? Já reservou o seu lugar? Vemo-nos por lá.

Joaquim Álvaro Rocha R. da Cunha
Economista e Administrador
jrochacunha@gmail.com

Jornal Olhar

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