Cris Azen
Expatriado, é o termo utilizado para designar o indivíduo que foi alvo de expatriação; quem se expatriou; pessoa que foi obrigada ou não a viver fora de seu país. É também o adjetivo muitas vezes utilizado para designar os portugueses que durante décadas imigraram para o Brasil, quanto para os brasileiros que, de tempos em tempos, fazem o caminho inverso e imigram para Portugal.
Pesquisas dão conta que em 1929 viviam no Brasil um total de 655706 portugueses . No ano 2000, este número era de 213203 e, em 2010, de 137973 portugueses.
Nas últimas décadas tem havido uma inversão do fluxo migratório entre os dois países. Atualmente já são cerca de 90 mil os cidadãos brasileiros a viver em Portugal, sendo que em Braga a estimativa aponta para cerca de 30 mil residentes.
Nos últimos anos a cidade de Braga conseguiu atrair muitos destes imigrantes brasileiros pela qualidade de vida, e pela segurança que lhes proporciona, o que a levou designadamente a ganhar fama de o El Dourado dos brasileiros, e ser rebaptizada como Braguil.
O Senhor Manuel Fernando e sua esposa, Dona Arminda, fizeram parte dessas estatísticas em 2 momentos distintos sendo ambos Portugueses, foram morar para o Brasil quando ainda eram bem jovens. Ele tinha apenas 8 anos quando mudou-se com a família para o Brasil. Anos mais tarde,
já um jovem de 25 anos e estagiário de Engenharia, conheceu aquela que viria a ser sua esposa. Ele conta: “Fiquei responsável pela vistoria de um prédio na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Eu iria entregar as chaves ao novo proprietário que não pôde comparecer no dia e enviou sua secretária para representá-lo. Logo percebi que o sotaque dela era familiar e perguntei se era Portuguesa”.
A Dona Arminda tinha 20 anos e já vivia no Brasil desde os 17 quando conheceu o marido. Havia saído de Braga para ir morar com um irmão mais velho que já vivia há alguns anos no Brasil.
Ela conta que no dia em que se conheceram conversaram bastante e, no final, ele perguntou-lhe onde é que ela morava.
Com um sorriso de saudade pasmado no rosto, ela também conta que nesse dia já estava preocupada com o avançado da hora e disse para aquele que viria a ser o seu esposo que não sabia como regressar a casa. Foi quando o Sr. Manuel se ofereceu a acompanhá-la. Em menos de um ano, concretamente em Setembro de 1979, estavam casados.
Construíram uma vida estável no Brasil, tiveram dois filhos, mas no ano de 1994, quando os miúdos estavam com 9 e 10 anos, decidiram voltar para Portugal. Admitem que a decisão não foi fácil. Venderam a fábrica de móveis da família, imóveis e tudo que tinham para recomeçarem a vida do outro lado do oceano.
Braga foi a cidade escolhida pela família, escolha esta motivada pelo facto de dona Arminda aqui ter nascido e ainda ter alguns familiares na cidade dos arcebispos. Com certa emoção confessam que amam o Brasil e que são gratos por tudo o que viveram no Rio de Janeiro, a famosa Cidade Maravilhosa, da Garota de Ipanema do compositor Vinícios de Morais. “De experiência própria sabemos que a vida do imigrante não é fácil, éramos imigrantes no Brasil e continuamos a ser quando voltamos pra Portugal. Tivemos que recomeçar do zero. Já faz 25 anos que voltamos para terras lusitanas”.
Tantos anos depois desse regresso a família construiu novamente uma vida estável. Criaram os filhos, já são avós e com a ajuda de um dos filhos e a nora exploram a Confeitaria do Arco, localizada na esquina da Rua Frei Caetano Brandão, ao pé do Arco da Porta Nova. Servem pratos típicos portugueses e recebem muitos turistas. Emocionado o senhor Manuel confessa: “Ainda hoje, tanto tempo depois, sentimos que somos um pouco de lá (Brasil) e de cá (Portugal)”. Lança um olhar apaixonado pra esposa que concorda com a afirmação e acrescenta: “Devo muito do que sou a tudo que passei e aprendi no Brasil, mas também nunca me arrependi de ter voltado pra Portugal”. Enquanto fala devolve um olhar apaixonado ao marido.
Parabéns pela iniciativa. É notável a vida nova que a cidade de Braga está a conhecer com este advento de uma nova vaga de brasileiros (bastante diferente da vaga que chegou a Portugal na década de 1990). Com os shoppings na periferia da cidade, o centro estava bastante deprimente…esta situação começou a ser invertida com o movimento de brasileiros e o centro da cidade está agora mais dinâmico e acolhedor. Gostei do neologismo BRAGUIL. Parabéns.
Após ler esta matéria, ñ pude conter a vontade de integrar este time de brasileiros residentes em Braga! Um sonho que eu gostaria de viver! Parabéns pelo texto!
Uma iniciativa fantástica, graças ao grande trabalho da Dra. Alexandra Gomide que se apaixonou por Portugal. Muitos parabéns