ENTREVISTA: Cantor Luís Represas

Distinguido com prêmio Pedro Osório, pela SPA, Luís Represas apresenta o álbum “Boa Hora”, um encontro entre grandes amigos.

Um dos maiores nomes da música portuguesa, o cantor Luís Represas, sobe ao palco do Coliseu de Lisboa, para um espetáculo especial, no dia 30 de Abril. Com expectativa de casa cheia, o músico apresenta o novo álbum: “Boa Hora”, distinguido pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), como melhor trabalho discográfico do ano. Com 43 anos de carreira, o artista promete recordar grandes sucessos, além de faixas do novo trabalho, considerado um encontro de vários parceiros como Ivan Lins, Carlos do Carmo, Jorge Palma, Paulo Gonzo, Stewart Sukuma e Mia Rose. No repertório temas que fazem parte da memória coletiva tais como: “Feiticeira”, “Timor”, “125 Azul”, “Perdidamente”, dentre outros sucessos. Em entrevista ao Jornal Olhar Brasileiro em Portugal, Luís Represas falou sobre a carreira, a vida e o novo álbum.

És um dos principais nomes da música portuguesa. Como é olhar para trás e recordar esses 43 anos de carreira?

Eu gosto pouco de olhar para trás. Prefiro olhar para a frente, em frente. No entanto não gosto de me desligar do meu passado porque ele faz parte do meu presente e da minha projeção para o futuro. São 43 anos em que tive e tenho a felicidade de fazer a música que quero com quem quero e como quero, consciente de que os tempos vão mudando tentando nunca perder a minha impressão digital que é fruto da experiência vivida. Foram, estão a ser, e continuarão a ser os melhores anos da minha vida.

O que o Luís Represas costuma ouvir e quais foram suas principais influências musicais?

Oiço de tudo um pouco. Procuro a emoção na música que oiço independentemente da sua origem. Quando comecei a tocar, nos anos 70, estava muito ligado nos cantores norte americanos e portugueses, na música do Brasil e da América Latina. Também no apogeu do Rock Sinfónico e do Rock Progressivo ouvia tudo ou quase tudo o que chegava a Portugal.

É verdade que aos 13 anos comprou sua primeira guitarra? Música sempre foi sua grande paixão?

Sim é verdade. A música sempre foi uma paixão, embora nunca tivesse imaginado que iria “casar” com ela para toda a vida.

Seu pai trabalhava em uma rádio e seu avô materno tinha ligação com as artes. Acredita que daí venha seu interesse pela música?

Não sei. Talvez. Nem sempre o ADN rege as nossas vocações. Mas gosto de acreditar que sim. Assim fico ainda mais ligado a eles.

E, se não fosse músico, verdade que seria médico?

Sem dúvida. A medicina é uma vocação que ainda hoje mexe comigo.

Luís Represas

Gostava que nos contasse como surgiu a banda Trovante, em 1976?

Surgiu como todas as bandas de jovens amigos, ligados pelos dias que se viviam no pós 25 de Abril e por gostos musicais comuns, e que começaram a compor canções com uma estética própria conjugando as influências que lhes chegavam, com o entusiasmo e a paixão próprios para quem o céu é o limite mas, com os pés bem assentes na terra. Em 1977 surgiu o convite para gravarmos o primeiro LP e não paramos ais.

És considerado a voz de muitas mensagens. Refugiou-se em Havana, Cuba, onde compôs muitas canções ao lado de Nani Teixeira, Pablo Milanés e Miguel Nuñez. Com Milanés cria Feiticeira. Como foi este momento em
sua carreira?

Foi o recomeço. Depois de 16 anos com o Trovante tive de me afastar da minha zona de conforto e procurar quem me conseguisse entender musicalmente sem ter referências anteriores. Aí o Miguel Nuñez foi fundamental porque agarrou na minha música e identificou a minha forma de estar nela. A Participação do Pablo Milanés cantando o tema Feiticeira, tornou ainda mais forte este primeiro passo num novo caminho.

Como foi participar da trilha sonora da animação infantil Tarzan, da Disney?

Foi algo muito diferente do que costuma fazer?

Bastante diferente porque não só tive de me sujeitar às tonalidades do Phil Collins como também ir o mais possível ao encontro da sua interpretação não podendo dar quase nada de mim. Exigências da própria Disney que se repetiram no tema do Elton John no Rei Leão II.

Você tem alguma mania ou ritual especial que faz antes dos concertos?

Jantar. Comer à mesa com a minha equipa é para mim muito importante porque nos liga e relaxa para o concerto que aí vem. Por isso foi tão estranho para mim o show com a Daniela Mercury no Parque Ibirapuera em São Paulo às 11 horas da manhã. Experiência única e que adorei.

Quão especial é retornar ao Coliseu dos Recreios?

É voltar a uma sala onde vivi momentos super emocionantes e únicos. Para mim é a grande sala de espetáculos de Lisboa.

O que o público pode esperar deste concerto? Podes revelar algumas das canções que estarão no repertório?

Não gosto de revelar o repertório porque o elemento surpresa é muito importante. No entanto há canções que o público já sabe, ou deseja muito, que irei cantar. Claro que as canções do novo CD Boa Hora irão estar presentes embora misturadas com outras de outros CDs.

O concerto terá participações especiais?

Os convidados estão a ser anunciados. Todos bons Amigos.

O álbum ‘Boa Hora’ comemora os 40 anos de carreira e tem a participação de Carlos do Carmo, Ivan Lins, Jorge Palma, Mia Rose, Paulo Gonzo e Stewart Sukuma. Pode-se considerar um grande encontro com amigos de longa data? Como foi este trabalho?

Isso mesmo. Um grande encontro com amigos de sempre, outros mais recentes, onde as gerações convivem perfeitamente no mesmo ambiente. A música. Foi um trabalho que me foi surpreendendo a cada momento que progredia.

O ‘Boa Hora’ foi considerado melhor trabalho discográfico do ano, pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). Como foi ser distinguido com o prémio Pedro Osório?

Foi um enorme motivo de orgulho e de “peso” positivo, já que é um prémio atribuído pelos meus pares, os autores e compositores portugueses.

Já gravaste com Martinho da Vila, Simone, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, dentre outros artistas brasileiros. Como foram estas experiências?

Mais importante do que o lado musical que para mim foi emocionante e inesquecível, ficou o lado pessoal de ter feito bons amigos de verdade. E isso é o melhor da Vida.

Jornal Olhar

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