Uma reflexão e sugestão …

Esse é o primeiro tema que abre a nossa coluna de educação, e nada mais interessante e intrigante que tentar compreender a diversidade da “Língua Portuguesa” longe das suas fronteiras.

Uma língua que viaja? ou É o Português que você fala?

Que tal levar as crianças a descobrir que o português difere em Angola, Portugal e entre as regiões do Brasil?

As variantes linguísticas ainda causam estranhamento, e entender se o registo da língua é formal  ou informal, identificar se elas têm características regionais e em qual contexto e ambiente está a ser utilizado, torna-se um desafio, uma reflexão e uma rica aprendizagem para as crianças nativas da Língua Portuguesa.

Estudar o tema com as crianças ajuda a que elas comuniquem com pessoas de origens distintas, mas que falam o mesmo idioma. Além disso facilita a leitura de obras literárias em variantes do Português. Orientar para isso, porém, não é simples. Afinal, como olhar com empatia para costumes tão diferentes? A ideia é que as crianças entendam na prática como é preciso respeitar todo tipo da fala e entender que cada um tem o seu motivo. Uma sugestão é permitir que as crianças ultrapassem os muros da escola e possam vivenciar conversas informais em contato com jovens, adultos, idosos e crianças no seu quotidiano, para que em grupo elas consigam refletir através das variações linguísticas abordadas por essas pessoas, e dessa forma favorecer discussões e diferentes pontos de vista em grupos dentro e fora da sala de aula.

Outro ponto interessante é a troca de cartas, que ajuda a proporcionar o entendimento do outro. As crianças observam as suas cartas a serem lidas pelos colegas de além-mar, e vice-versa, isso ajuda-as a refletir de forma a que o colega português estranhe uma palavra de uso comum no Brasil camisola” (roupa de dormir) já em Portugal (camisa para sair), “o pequeno almoço”, no Brasil se chama “café da manhã”, além dessas distinções de pronuncias, termos como pratos típicos favorecem uma rica reflexão das diferenças entre as expressões no território Português em relação ao  território brasileiro. Dessa forma faz-se um alinhamento de compreensão com as crianças, ajudando-as a dar significados às palavras que não eram
usadas na sua língua materna. Nessa perspectiva é importante trabalhar a ideia do estranhamento para que as crianças não julguem existir superioridade no uso linguístico, já que o objetivo de se comunicar será sempre alcançado.

É importante que se promova o entendimento das variadas interações e contextos da língua. No fundo, a grande missão do professor da língua materna é transformar seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua. Já para as crianças e famílias será sempre entendido um olhar acolhedor, cuidadoso e participativo no processo de aceitar e entender as variações que a sua língua materna oferece.

Carla Rodrigues

Jornal Olhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *