Sem surpresas, os indicadores demonstram a continuidade da ponte aérea Brasil – Portugal. Pela via da nacionalidade portuguesa herdada de pais e avós emigrados, pela via de vistos de Gold, Visto de Rendimentos, pela via de Vistos de Estudante, e pela via da informalidade ou ilegalidade, centenas de milhares de brasileiros continuam a chegar a Portugal. As estatísticas estão ainda atrasadas face à realidade, mas não mentem. Em 2017, 11.000
novas autorizações de residência concedidas a brasileiros, a que se somam, pasme-se ou não, mais de 5.000 novas autorizações de residência concedidas a cidadãos italianos.
Porquê surpresa e soma? Porque se tratam de brasileiros com ascendência Italiana na sua maioria, que usam esta faculdade para emigrar para Portugal. Os pedidos de nacionalidade portuguesa continuam a subir, quase 80.000 novos em 2018, sendo mais de metade dos requerentes, cidadãos brasileiros.
Somemos a isto os elevados preços das ligações aéreas Brasil–Portugal. Mesmo com aumento da oferta de voos, percebemos que: a redescoberta de Portugal enquanto país para viver, ou enquanto Pátria de Passaporte que fornece direitos em toda a União Europeia não vai cessar, antes pelo contrário, os brasileiros, de origem lusa ou não, vão continuar a procurar Portugal.
Acredito que Portugal vai mudar a sua matriz cultural ao receber os seus novos integrantes tropicais, e sua força de viver. E indo mais fundo na questão dos “novos” lusos, acredito que esta “imigração” é saudável pois o Brasil e os brasileiros de origem portuguesa (que são mais de 100 milhões), têm uma marcada cultura de origem portuguesa, não apenas na língua, mas na cordialidade, na coloquialidade, no bem receber e
no saber estar socialmente.
Em 2019, a tendência vai abrandar, pois o Brasil encontrou estabilidade política e a racha evidente entre eleitos e eleitores é agora menor. Sem politicagem e sem a ignorância que grassa nos mass media, não foi por acaso que a mesma classe média, emergente, alta ou baixa, que elegeu Lula e Dilma, agora correu o PT. Foram os mesmos eleitores que, reelegeram no passado Dilma e, agora, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, elegeram um Juiz de “mão de ferro” no Rio, e um empresário milionário em Minas Gerais. Os brasileiros querem gente nova de fora da política e foi isso que escolheram nestas últimas eleições. Foi, pela mesma razão que escolheram um outsider sem partido e sem base política, que fez campanha durante 3 anos com viagens de avião percorrendo todo o país, com lives no Facebook e vídeos no Youtube, propagados via WhatsApp. Os brasileiros votaram mudar e isso dá uma margem, uma confiança, uma esperança de 6 meses a quem entra. Depois do verão, veremos.
Nota da atualidade. A UAI, Associação que em boa hora apareceu para dar corpo e coesão aos brasileiros que nos procuram, Portugal/Braga, além de múltiplas e intensas atividades, vai realizar com o Ideia Atlântico um encontro de empreendedores luso-brasileiros. Há muito que o Ideia Atlântico promove através da sua rede, dos seus contatos e dos seus clientes, as ligações empreendedoras e empresariais entre Portugal e o Brasil. Antes de Portugal estar na moda, já o Ideia Atlântico tinha instalações no Brasil, recebia empreendedores brasileiros, e realizava em 2011, conferências muito participadas sobre o Brasil, tendo tido como anfitrião no Minho esse grande Embaixador Brasileiro que dá pelo nome de Mário Vilalba – que trouxemos de Lisboa para conhecer Braga, o Minho, o Ideia Atlântico e o INL. Mais do que anúncios e press releases, com o Ideia Atlântico, acontecem coisas concretas, projetos reais, criação de empresas e empregos, que poucas vezes são notícia em Braga.
Bem, com mais esta iniciativa, agora com muitos mais interessados e potencial entre Braga e Brasil, as muitas subtilezas e exigências das relações económicas e empresariais Portugal- Brasil (sobre as quais discorri na matéria publicada em Dezembro de 2018), certamente que fica mais fácil, não apenas viajar, mas sobretudo fazer negócios e criar empresas viáveis entre Portugal e Brasil. É por isso que, ao evento REDE DE NEGÓCIOS (30 de Janeiro de 2019) o Ideia Atlântico, abre as portas, a todos os empreendedores para os quais as fronteiras físicas não existem. Sem cores, clubes e para todos.
Joaquim Álvaro Rocha R. da Cunha
Economista e Administrador
Tenho um negócio aqui no Brasil mais gostaria muito de estender pra Portugal
Torço para que suas suposições para o futuro econômico sejam melhores que as previsões e análises políticas, pouco embasadas. Podemos esquecer os 6 meses de confiança, pois em metade do tempo o presidente eleito queimou as esperanças e anseios de parcela da população e muito pouco tem feito para mudar as coisas e com suas viagens, postagens no twitter, relações pouco confiáveis com crimes, milícias e criminosos (dele e de seus familiares), pouco se pode aguardar de melhor. Cada viagem e declarações que alijam relações econômicas com outros países. O mais prudente é ficar atento a deterioração econômica e social. Com os números de pesquisas recentes sobre seu governo e popularidade, está voltando a realidade anterior onde não teria sido eleito caso não tivesse feito campanha baseada em fakenews, ao denegrir de imagens de adversários e com clima de medo. De todo modo, desejo sucesso a vocês e peço que paremos de colocar esperanças em barcas furadas. Dos que citou só pego um exemplo de cada: o governador mineiro teve o passaporte e visto italianos cancelados pois o seu estava na lista dos que fizeram via quadrilha pega na Itália (https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/04/03/apos-ter-passaporte-italiano-cassado-romeu-zema-regulariza-situacao-diz-advogado.ghtml). E o juiz mão de ferro, mandou afastar o delegado que investigou e levantou ligações suspeitas e estreitas entre executores de crime de assassinato e a família do presidente.