Será que a maneira como nos vestimos influencia o que as pessoas pensam de nós?

5, 4, 3, 2, 1! Acabam de chegar a uma sala onde ninguém vos conhece e nesse preciso instante, mesmo antes sequer de falarem, estão a apresentar-se e as pessoas começam logo a tentar perceber quem são, como são, a idade que têm e até o que fazem. Como? A vossa imagem! É verdade. Afinal, quem nunca acabou de conhecer uma pessoa e mesmo antes de ela falar deixou que a sua imagem falasse sobre si? Na rua a passear, no ambiente de trabalho, numa festa, numa entrevista ou até no café. Cruzámo-nos diariamente com pessoas que não conhecemos – e que não nos conhecem – e antes sequer que nos seja permitido falar, naqueles três segundos em que acabamos de chegar, a nossa imagem já nos está a apresentar. Este foi o primeiro impacto que a pessoa teve de nós. Imaginem que estão numa entrevista de trabalho ou num primeiro encontro? Naquele instante em que acabam de chegar, antes sequer de se puderem apresentar, estão a dizer quem são, porque a nossa imagem transmite uma mensagem, apresenta-nos, fala de nós antes sequer de nós falarmos.

Eu aprendi isto assim que comecei a trabalhar. Com vinte e poucos anos, numa área formal, a precisar de transmitir confiança e seriedade e com cara de menina. Escondi a cara jovem na maquilhagem minimamente decente de todos os dias e a idade nas camisas, nas calças clássicas e nos saltos altos, dos quais fiz o meu indispensável do look de todos os dias. Se podia vestir-me de acordo com a idade? Claro que podia. Se isso seria bom para mim? Claro que não! Imaginem o que era eu trabalhar com 20 e poucos anos na área jurídica e aparentar ter 20 ou menos? Acham que me levariam a sério? Claro que não. Quer queiramos, quer não, a primeira impressão que alguém tem de nós é através da maneira como nos vestimos, como nos apresentámos. Só depois a nossa atitude e posteriormente o nosso intelecto. A nossa imagem é o espelho daquilo que queremos que as pessoas pensem de nós e da maneira como queremos que elas nos vejam. Foi aí que percebi, mais do que nunca, que a moda não é uma futilidade e a nossa imagem não é vaidade. É aquilo que nos representa, aquilo que nos apresenta. Cuidarmos da nossa imagem e darmos-lhe importância é o maior segredo que existe de beleza. Esqueçam os filtros e os estereótipos de beleza. Cuidar da nossa imagem, vestindo-nos de maneira a que nos olhemos no espelho e nos sintamos bonitas é, certamente, o maior segredo de beleza que existe. Nada mais é importante que isto. Gostarmos de nós. Gostarmos de nós passa por nos cuidarmos. Por valorizarmos a nossa imagem e por sermos a pessoa que pretendemos ser. E se tivermos de nos vestir consoante a nossa agenda, porque não? A vida é feita de momentos, de ocasiões e de compromissos, não deve a nossa imagem coincidir com isso? Não se vistam com receio do que as pessoas podem ou não pensar de vocês, mas sim de acordo com aquilo que querem que as pessoas pensem de vocês. Como eu, que aprendi a ter duas de mim. A mulher das camisas e dos saltos à semana e a rapariga das sapatilhas e da cara lavada ao fim-de-semana. Esta é a minha imagem, que representa quem eu sou. E este não é mais um artigo de moda no meio de tantos. Nem de tendências ou de dicas. Hoje, espero mudar mentalidades e quebrar barreiras, fazer-vos pensar sobre este tema, refletir, mudar ou reformular a vossa imagem. Porque é impossível querer transmitir o fim sem começar pelo início e foi isso que hoje decidi fazer. E este é o artigo. Porque a moda não é uma futilidade, mas uma atitude. E não há nada mais importante do que a nossa imagem e do que aquilo que ela transmite. Lembrem-se que antes sequer de alguém nos conhecer é a nossa imagem que nos apresenta. Por isso, apresentem-se exatamente como querem que as pessoas vos conheçam. Apresentem-se bem.

Ângela Santos
Autora do blogue de moda e “lifestyle” Princesa Sem Tiara
princesasemtiara.blogs.sapo.pt

Jornal Olhar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *