A estrutura emocional das crianças no processo de adaptação a um novo país

As investigações apontam que quando a transição de país ocorre antes dos doze anos de idade, os sentimentos de depressão, ansiedade, sintomas psicossomáticos e confusão identitária decorrentes da mudança são menos recorrentes. Contudo, cada pessoa lida com as adversidades de maneira diferente, por conta da sua personalidade, contexto familiar e fatores relacionados à imigração.

Neste sentido, mesmo as crianças mais pequenas podem demonstrar sentimentos mistos em relação a esta mudança, isto porque elas estarão a deixar para trás os seus amigos, parentes, a escola, os locais que costumava frequentar, a língua nativa, entre outras coisas. Portanto, é crucial que os pais preparem os seus filhos para as mudanças que virão, com conversas honestas sobre os pontos positivos de se viver noutro país e os possíveis percalços que poderão surgir até que tudo esteja acomodado.

Os aspetos que fazem parte da nossa aprendizagem cultural incorrerão num fator de reaprendizagem e isso significa novos desafios para a criança. Portanto, é natural que se demonstre stress neste período de adaptação, pois a criança ainda está a perceber e assimilar o novo contexto social. Isso requer dos pais paciência e demonstrar aos filhos que estão dispostos a ajudar nas dificuldades desse momento. De qualquer maneira, é importante que os pais estejam atentos para as alterações nos comportamentos dos seus filhos e procurem um profissional da psicologia infantil, se necessário. Algumas crianças podem manifestar comportamentos pouco saudáveis que os pais não conseguem resolver e que podem interferir, a longo prazo, no desenvolvimento académico, social e familiar da criança.

Alguns destes comportamentos pouco saudáveis podem ser observados quando a criança apresenta baixo rendimento académico; ansiedade ou recusa de ir à escola; se exclui ou é excluída pelos colegas; agressividade exagerada – quando não resolvida pelos pais -; agitação, inquietude, falta de atenção; apatia, tristeza ou choro recorrentes; perda de interesse nas coisas que costumava gostar; problemas para adormecer e distúrbios alimentares (comer demais ou comer de menos). É importante ressalvar que os pais também podem detetar, precocemente, a mudança no comportamento com uma conversa diária com os filhos, no diálogo com os professores e com os demais pais no contexto escolar.

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Anelise Cossio

Psicóloga

Jornal Olhar

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