Como fazer uma boa adaptação no berçário?

Aqui seguem algumas sugestões…

Preparação e parceria com a família são fundamentais para assegurar uma adaptação tranquila aos bebés que vão à escola pela primeira vez.

Crianças inseguras, pais angustiados e sofrimento diante da separação iminente. Não precisa de ser esse o retrato do início dos pequenos na creche. É possível diminuir o desconforto e proporcionar uma adaptação tranquila e saudável para os bebés e sua família.

A fase de acolhimento é diferente para cada faixa etária e requer atenção redobrada com bebés até aos dois anos. Afinal, quase tudo é novidade para eles: a convivência com outras crianças e adultos (além do círculo mais próximo) ou as brincadeiras.

O primeiro passo é conhecer bem os miúdos e entender os seus costumes e medos. Esse conhecimento inicial já ajuda o educador na elaboração do planeamento. Antes de receber a turma, é fundamental ler com atenção todas as informações contidas na ficha da criança e o histórico de saúde. Também é desejável fazer uma entrevista detalhada com a família, para esclarecer possíveis dúvidas e ajudar o educador a entender os hábitos da criança.

É essencial escutar o que os familiares esperam da instituição e, ao mesmo tempo, explicar quais são os objetivos da mesma e também mostrar o quanto o educador se interessa pela criança. Nesse momento vale perguntar como é a rotina em casa, do que a criança gosta de brincar e de comer e se possui objetos de apego.

Os bebés até dez meses estranham a creche, o modo como são colocados para dormir e a comida oferecida. É necessário prestar atenção nos aspectos sensoriais: deixar objetos pessoais como mantinhas, chupeta e fronhas, junto ao berço, ajuda na adaptação. A ausência dos pais não incomoda, mas a textura diferente do lençol do berço, a forma como são colocados para dormir e a temperatura da água do banho causam estranheza ao bebé.

Depois de completar um ano, a adaptação muda um pouco. O foco principal é fazer com que o bebé se acostume à ausência dos pais. Por isso, a dica é alternar momentos em que os familiares estejam próximos e distantes da criança em um determinado momento. Nessa idade, já começam a estranhar quem não conhecem e estabelecem vínculos com alguns adultos. Faz parte do processo, então, manter os rostos conhecidos ao alcance da visão do “miúdo” é muito importante. A separação é feita aos poucos, intercalando momentos de aproximação e de ausência, até que o bebé se acostume à rotina na creche. O choro nos momentos iniciais da separação é normal e deve passar logo, à medida que a criança percebe que é acolhida e compreendida. Caso o “pranto” persista, pode ser sinal de insegurança. Outras manifestações de desconforto são o sono constante, a apatia ou a recusa em comer. Cabe ao educador acolher os bebés, reconhecer seus os sentimentos e fortalecê-los emocionalmente. Todas as ações precisam de estar voltadas para a apresentação do novo ambiente de uma forma delicada, pois o que está em jogo é o compromisso de transformar os sentimentos de angústia presentes no momento em segurança e afeto.

Carla Rodrigues

Educadora de infância

Jornal Olhar

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