A música e o cérebro!

Que a música contagia, aproxima pessoas é fato. Mas de onde vem esta capacidade de envolver, criar incontáveis sensações e emoções? Investigações recentes comprovaram que a música estimula funções cerebrais. Ao monitorar pessoas ouvindo canções, o resultado é como se o cérebro estivesse em festa!  Neurocientistas descobriram também que cantar é uma atividade neural impressionante. Mas a descoberta mais surpreendente é a de que o cérebro dos músicos realiza circuitos de sequências muito velozes e complexas, envolvendo praticamente todas as atividades cerebrais de uma só vez, o que os levou a afirmar que praticamente nenhuma outra ação humana envolve tanta habilidade neurológica como a de tocar um instrumento.

Entretanto, será que o cérebro dos músicos é diferente? Elucidando brevemente, algumas partes do cérebro de quem toca um instrumento são maiores, afirmam algumas pesquisas. São regiões que auxiliam na realização de movimentos musculares mais velozes e outras responsáveis por permitir ampla e rápida comunicação entre o hemisfério direito e o esquerdo cerebral. Estes dados esclarecem a agilidade e o virtuosismo alcançado por grandes músicos da história.

O cérebro desenvolve o músico ou o músico desenvolve o cérebro? Pesquisas de investigadores como Helen Neville, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, revelaram fatos surpreendentes. Acompanhando crianças que iniciaram aprendizado musical, ao final de um ano, confirmou-se o aumento de algumas partes de seus cérebros em relação aos de outras crianças. Foi observado admirável crescimento das conexões neurais em crianças até os 9 anos. Vê-se a facilidade com que os miúdos aprendem línguas, confirmando que o cérebro tem uma capacidade notável de adaptação e apreensão. Logo, chegamos à conclusão de que o estímulo é um poderoso aliado ao desenvolvimento das capacidades humanas e que, desde a primeira infância, estar em contato com música traz benefícios imensuráveis. Essas vantagens transpostas para outras áreas da inteligência, como a do raciocínio lógico-matemático.

O assunto não está concluído, há muito a avançar em pesquisas. Apesar de comprovarem que a prática desenvolve o cérebro, há os denominados gênios: crianças que possuem aptidões desenvolvidas anterior a qualquer estímulo. Talento inato, genética, habilidade extra-sensorial, vidas passadas? Ainda não temos as respostas.

Presumimos que, arte em todas as suas formas de expressão, deveria ser valorizada pela sociedade como era na Grécia Antiga – muito além de lazer ou entretenimento – pauta que podemos explorar numa próxima oportunidade. O aprendizado artístico está cientificamente comprovado como essencial para a educação – deixando claro que a qualidade dos estímulos é extremamente relevante para um saudável desenvolvimento emocional e cognitivo de crianças e jovens. E ainda, por ser uma linguagem universal, as artes têm caráter gregário e sua prática na adaptação de crianças e jovens em novos territórios pode trazer resultados muito positivos para sua socialização.

Respondendo à pergunta que deu início a esta reflexão: a música nos emociona pois conecta inúmeras funções neurológicas simultaneamente e vai além, conecta pessoas e integra culturas!

Patricia Menezes

Arte-educadora e Musicista

Jornal Olhar

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