Viagem pela literatura, muito prazer!

Saiba como organizar e estimular o interesse dos miúdos nos momentos de leitura.

Despertar o encantamento pelos livros é a primeira coisa a fazer quando se trata de formar bons leitores. E isso vale para a rotina dos miúdos desde o berçário. Quando a criança ainda não é alfabetizada, cabe ao educador e aos pais lerem para ela. “A leitura de um adulto e uma criança em conjunto ajuda a provocar o interesse pelos textos literários” (Diaz 2011).

Entre as crianças da Educação Infantil, é de grande importância esse estímulo e o tempo de duração que irá decorrer as histórias. As mesmas devem ser curtas para prender a atenção, como os poemas, textos que contenham rimas e repetições nas quais também figuram-se entre as melhores escolhas. Nessa etapa, o educador pode formar pequenos grupos de leitura e privilegiar textos bem ilustrados. É possível introduzir narrativas mais extensas e complexas gradativamente, o que permitirá, aos poucos, o maior envolvimento dos pequenos com enredos e personagens.

É de extrema importância que não só o educador leia muito para a turma como os pais em casa e isso significa ler variados estilos de leitura: contos de fadas, fábulas, poemas, bilhetinhos, o cardápio do lanche da escola, etc. Também é preciso entender bem as características do texto a ser lido para as crianças, dessa maneira levar em consideração o uso da voz alta, suas entrelinhas, sua relação com as ilustrações, e treinar a leitura previamente. Segundo Sardinha (2007), a leitura recorre de uma permanente interação entre leitor e o texto, da aprendizagem de um código – grafia, palavra, frase, passando progressivamente para conhecimento do conteúdo e para o reconhecimento do desenvolvimento de esquemas mentais e estruturação semântica.

No que se refere à escola, o educador no seu planeamento pode ainda buscar referências para apoiar o trabalho, como filmes e outras versões da narrativa. É igualmente importante elaborar uma ou mais questões de antecipação, que servirá para que as crianças ouiçam a história buscando desvendar o desafio colocado. “Essa estratégia permite que as crianças façam inferências, criem expectativas sobre o que será lido e aguardem para conferir”, (Ferreiro,2009). Deste modo, basta apenas contar uma parte da história e deixar que elas expressem sua opinião do que irá acontecer a seguir nas próximas etapas da história.

A conversa com as crianças sobre o texto é uma parte importante do processo. Isso pode ser feito tanto pelo educador como pelos pais no momento da leitura, assim promovendo uma interação e discussão acerca do que será lido por meio de questões interessantes no momento que antecede, durante e até o final desse processo. Outra estratégia importante é perguntar sobre os trechos que mais gostaram e quais foram seus personagens preferidos (em vez de questionar sobre os personagens principais). O ideal é avançar além da simples leitura, estimulando reflexões. Ler passa, assim, de um simples ato de decodificação do texto para um processo complexo, que exige do leitor estar em permanente atualização e reflexão. Torna-se, pois, fundamental ativar constantemente os conhecimentos das crianças, recorrendo sempre às aprendizagens anteriores, ( Azevedo, 2009).

Quando existe um ambiente favorável para discutir as leituras, com a possibilidade de inúmeras interpretações, começamos a desenvolver a curiosidade e desejo por ouvir mais história e pelo ato de ler. Um percurso ideal que começa na infância e seguirá ao longo da vida.

Carla Rodrigues
Educadora de Infância

Jornal Olhar

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